Reforma

Piso da Catedral Metropolitana começa a ser restaurado

Obras serão realizadas em quadrantes, nos próximos oito meses, evitando que o funcionamento da igreja seja interrompido

Foto: QZ7 Filmes - Funcionamento da igreja será praticamente normal durante quase todo o processo, que deve durar oito meses

Mais um passo para o restauro completo da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula foi dado. Dessa vez a frente de trabalho está mobilizada para trazer de volta a beleza e a segurança do piso de madeira. O primeiro quadrante de 80m2 já está sem o madeiramento, sendo possível confirmar o apodrecimento dos barrotes de fixação. A execução será por partes, seguindo o conceito de obra aberta, ou seja, o funcionamento da igreja será praticamente normal durante quase todo o processo, que deve durar oito meses.

A obra orçada em R$600 mil tem recursos oriundos de campanhas que mobilizaram os fiéis e a iniciativa privada. Através do projeto Caminhos da Fé, a Comissão de Restauro da Catedral estimulou desde maio do ano passado a adoção de um metro quadrado de assoalho ao custo de R$ 500,00, entre outras opções de auxílio. Agora, para finalizar a obra são necessários R$130 mil, por isso a campanha ainda segue.

A arquiteta Simone Neutzling, proprietária da Perene Patrimônio Cultural e responsável pelas ações de restauração da Catedral, diz que a área total da obra é de quase 750 m2. Esta primeira parte da obra está sendo feita no setor lateral à direita de quem entra na igreja.

A escolha deste lado para dar início ao restauro se deve mesmo por questões logísticas, já que a lateral da Catedral, junto à rua Senador Mendonça, ainda está com tapumes, usados para a etapa do telhado. "Este lado já estava interditado e também assim não fizemos nenhuma intervenção na nave central, neste período de festas de Natal e Ano Novo", diz.

Durante o dia a obra fica isolada, mas à vista dos frequentadores do templo, que poderão acompanhar o que está acontecendo, passo a passo. Uma forma mostrar à comunidade, que se envolveu na captação dos recursos, como o trabalho é feito.

A arquiteta também comenta que é até uma forma de justificar a intervenção. "Dá para ver as péssimas condições dos barrotes. Esse contrapiso foi executado como se fazia antigamente com tijolos na parte mais abaixo e aquilo retém muita umidade, porque é um material cerâmico. Tinha muita umidade no contrapiso e o barroteamento, onde o assoalho está pregado apodreceu, virou poeira, fazendo com que o assoalho afundasse ou se soltasse."

Na sequência

O responsável técnico pela obra do restauro do assoalho, arquiteto Cassiano Gasperin, da JC Thorm, conta que o processo inicial começou com uma prospecção, há alguns anos, pois havia um projeto de drenagem no local. "Imaginou-se que se fosse fazer uma drenagem, porque se acreditava que existisse um curso de água por baixo da Catedral, o que não se confirmou, por isso foram alteradas as características da execução da obra para torná-la mais rápida, com uma intervenção menor", explica.

Depois da remoção do assoalho de madeira propriamente dito, vão ser removidos o contrapiso e os barrotes, que estão completamente deteriorados, a maioria se esfarelando. "Vamos fazer algumas camadas de impermeabilização com areia, brita e contrapiso", fala Gasperin. Simone acrescenta que a forma atual de fazer o contrapiso é mais eficiente, para se evitar que a umidade que vem do solo chegue nos novos barrotes.

O madeiramento, barrotes e assoalhos, serão novos. "Claro que estamos retirando boa parte da madeira do assoalho, tudo que puder ser reaproveitado vai voltar para o local. Vamos trabalhar junto com a Simone para definir um local específico, porque haverá diferença de tonalidades. Queremos marcar isso de uma forma que valorize a ideia da preservação. Essa é a grande característica dessas obras de restauro, sempre pensar na preservação não só da memória, mas também das técnicas que foram um dia aplicadas no patrimônio."

A arquiteta chama a atenção para o fato de serem várias etapas em uma área muito grande. "Nós vamos respeitar as características originais, vamos fazer com madeira de lei de excelente qualidade, com as mesmas dimensões e com a mesma paginação, que é o mesmo desenho, o que é muito importante na restauração", explica Simone.

Após a colocação do piso será dado o acabamento final, com lixação e sinteco. "Vamos deixar um pré-acabamento, mas o acabamento final vai ser dado em toda ela (a madeira) para ficar uniforme, nestes dias a Catedral deverá ser fechada."

A madeira que vai ser utilizada no assoalho chegou há cerca de um mês, mas precisou passar por um processo de aclimatação. "Precisamos ter a certeza de que ela estava bem seca, para não ter problemas depois. Os barrotes também foram beneficiados, cortados do tamanho necessário. "Nos certificamos de ter toda a madeira, até porque ela não pode ser comprada por lotes, para não termos problemas nos encaixes deste material", comenta Simone.

Obra fundamental

Líder da Catedral por quase 20 anos, o padre Luiz Boari, que se despede do cargo de sacerdote deste templo, fala que sempre foi a favor de convidar a comunidade para ajudar em obras menores, além das leis de incentivo à cultura. "No entanto, o assoalho não é uma obra menor, é uma obra fundamental. Nós nos aventuramos nessa campanha de adoção dos metros, no entanto são 750 metros e um montante de valores bem expressivos, mesmo assim achamos por bem fazer esse apelo à comunidade", comenta.

Feliz com o início de mais essa obra, a integrante da Comissão de Restauro, Marlene Mascarenhas Mendonça, destacou a liderança do padre Luiz neste processo. "Claro que ele tem uma comissão de apoio, mas graças a sua gestão podemos dizer que grande parte das obras da Catedral estão realizadas ou em execução como é o caso do piso ou dos 14 quadros da Via Sacra, que estão sendo restaurados por alunos do curso de Conservação e Restauração da UFPel", comenta.

"O padre Luiz se empenhou muito nessa campanha de arrecadação de recursos, de mobilização da comunidade", corrobora a arquiteta Simone. O valor arrecadado até agora foi suficiente para a compra de toda a madeira, agora faltam recursos para o pagamento da mão de obra e para os materiais brutos que serão utilizados, como brita, areia e cimento para o contrapiso.

Destas duas décadas de sacerdócio na Catedral, há mais de dez anos, junto com uma equipe, Boari vem lutando para sanar os diferentes problemas estruturais surgidos ao longo dos anos na Catedral. "Nós também fomos aprendendo ao longo do caminho, por exemplo, começamos fazendo um projeto global de restauro. Jamais iríamos conseguir R$ 7 milhões para esse projeto, então fomos fatiando etapas, conseguimos parcerias e, claro, os tombamentos municipal, estadual e federal foram abrindo portas para nós, o que possibilitou o restauro do telhado, quase na sua totalidade, o restauro das portas, das janelas. Percebemos que estamos no caminho certo para o restauro completo da Catedral, nos próximos dois ou três anos. É uma alegria para a gente perceber que tem cuidado desse patrimônio que é de todos."

Sobre a saída da Catedral, o pároco diz que a Igreja recomenda que os sacerdotes não permaneçam na mesma paróquia por muito tempo, mas por diferentes circunstâncias ele foi ficando à frente da Catedral. "Para mim foi um tempo de muita graça, de amadurecimento, mas a gente sai com muita humildade e vai colher um outro serviço com muita humildade como deve ser."

Caminhos da Fé

Como participar?

- Adote um metro!

De que maneira?

- Cada metro quadrado de assoalho tem o custo de R$ 500,00 para ser restaurado. Interessados em apoiar o projeto podem adquirir carnê de apoio ao projeto na secretaria da igreja. Opção em cinco parcelas de R$ 100,00 ou em dez parcelas de R$ 50,00.

- Caso deseje fazer o aporte na íntegra através do Pix 53 99163-3396, basta enviar o comprovante para o WhatsApp 53 933001468.

- Empresas que queiram doar materiais necessários para obra, podem entrar em contato com a Comissão de Restauro.

- Através do site: http://cubox3.com.br/catedral-de-pelotas/

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